quarta-feira, 16 de setembro de 2009

COMÉDIA DELL´ARTE

Na Itália, os personagens estereotipados da comédia latina transformaram-se em tipos nacionais e provincianos da Commedia dell’Arte, surgida na Sicília, que arrasava as aspirações mais nobres do homem de ascender a um mundo melhor. A comédia mostrava assim a faceta ridícula de tudo o que era institucionalizado e admirado, inclusive criticando os poderosos através da caricatura. Por isso as máscaras da Commedia dell’Arte, ao contrário do teatro clássico, apesar de serem muito intensas, não remetiam a uma expressão em particular, estavam sujeitas a interpretações diversas. Fundamental então era o trabalho corporal do ator, como se fosse um suplemento para a máscara, expressando o que ela por vezes não podia.
Muitas destas máscaras eram feitas em couro fino, costuradas na roupa branca, sendo as mais conhecidas as dos personagens Pierrot, Colombina, Pulcinela e Arlequim. A Commedia dell’Arte inspirou o carnaval de Veneza, na Itália, que incorporou as máscaras, agora cobrindo apenas metade do rosto, deixando à mostra a expressão da boca. Algumas foram simplificadas a uma singela faixa de veludo, em geral, negra. Estas máscaras primavam pela delicadeza e eram inspiradas nos personagens da comédia. Em Veneza e até em Florença, as máscaras passaram a ser peça de indumentária feminina, como forte elemento de sedução. Até hoje a produção de máscaras em Veneza é tradicional e lucrativa.
As peças giravam em torno de encontros e desencontros amorosos, com um inesperado final feliz. As personagens representadas inseriam-se em três categorias: a dos enamorados, a dos velhos e a dos criados, também conhecidos por zannis (pelo que este tipo de comédia também é conhecida por commedia dei zanni). Estes últimos constituiam os tipos mais variados e populares. Havia o zanni esperto, que movimentava as acções e a intriga, e o zanni rude e simplório, que animava a acção com as suas brincadeiras atrapalhadas. O mais popular é, sem dúvida, Arlequim, o empregado trapalhão, ágil e malandro, capaz de colocar o patrão ou a si em situações confusas, que desencadeavam a comicidade. No quadro de personagens, merecem ainda destaque Briguela, um empregado correcto e fiel, mas cínico e astuto, e rival de Arlequim, Pantaleone ou Pantaleão, um velho fidalgo, avarento e eternamente enganado. Papel relevante era ainda o do Capitano (capitão), um covarde que contava as suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava sempre por ser desmentido. Com ele procurava-se satirizar os soldados espanhóis.

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